domingo, 5 de junho de 2011

A Banda Mais Bonita da Cidade - Oração



Eu pensei em muitas histórias pra contar algo que muitas pessoas sentiriam, e deste modo, muita gente leria. Mas não é todo mundo que sente isso que eu sinto. É egoísta pensar assim, eu sei, até porque é verdade, eu conheço muita gente apaixonada. A diferença é que, para mim, essa coisa estranha que as pessoas chamam de “amor” nunca foi nem um pouco banal. 

Eu não cresci no meio de uma família que exala aquele sentimento de fraternidade que eu encontro quando vou na casa dos outros. Meus pais se separaram quando eu ainda não tinha nenhum dos dentes da frente - eu não estou reclamando, até porque não consigo imaginá-los juntos nem à pau até hoje. Nunca fui o tipo normal de menina, que calça os saltos gigantes da mãe e adora ficar toda emperiquitada com aquela vasta gama de maquiagens alí pertinho. Eu nunca fui assim. 

Eu passei minha infânica sendo aquela coisinha quieta no fundo da paisagem, com um livro grosso na mão e sendo ignorada pelo resto das pessoas. Sem amigos ou beijos de boa-noite, mas eu não sentia falta. Eu não podia sentir falta de algo que eu não sabia que podia ter. Então eu ia indo, com minha casinha de bonecas e as histórias que eu lia. Isso e a televisão. Por isso não ligue com os dramas mexicanos que corroem as páginas das histórias que eu invento, o que eu posso fazer? Formei meu caráter assistindo A Usurpadora. E assim fui levando, enquanto não tinha ninguém que me levasse. 

Eu era, na escola, aquelas pessoas que passariam em branco em qualquer foto antiga. Eu não era popular. Eu não era bonita. Minha sorte é que eu não era burra, então eu me esforçava, porque entre tantos alí, eu sabia o que eu queria. Então, pra tentar compensar os atributos que eu não tinha, eu me esforçava. E seguindo a teoria da minha escritora brasileira favorita, como eu não era bonita no tempo do colégio, eu desenvolvi o humor, então eu resolvi ser engraçada. Ou tentar ser engraçada. Tanto faz, eu só sei que uma hora entre continuar sendo ninguem, um trabalho de literatura e finalmente conseguir fazer amigos, eu comecei a escrever. 

Eu escrevi sobre um rapaz de cachinhos que morava longe de mim, me decepcionou e parei. Escrevi sobre um amigo que eu tentei que fosse, mas a gente era igual demais pra isso e parei. Escrevi sobre alguém que nunca foi meu, nem me valeu à pena e parei. Escrevi histórias que não eram minhas e músicas de todo o coração. E só então escrevi sobre você, sobre os seus ombros e seu sorriso torto, o menino besta com cara de sério que me carregou um coração desacreditado e só devolveu esse monte de vontade de viver gigante, por mais uns mil anos que nem esse, do seu lado e com você. Te matando de cheiro, e te chamando de amor. Porque a diferença dessa história, é que ninguém além da gente vai entender a paixão das entrelinhas perfumadas com seu cheiro que sempre fica na minha roupa quando você vai embora. E essa sou eu, numa última oração, pra nunca mais parar de escrever onde caiba um "nós dois".

Link para a música: http://migre.me/4JsHH A Banda Mais Bonita da Cidade - Oração

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