domingo, 22 de maio de 2011

Marcelo Camelo - Vermelho


Ei, você faz falta. Você me faz mais falta do que eu tenho da minha barbie morena que deve estar empoeirada num canto de gaveta há tanto tempo que acho que não sabe mais nem o que é brincar.
Menino, você me ensinou o gosto bom que a vida pode ter, me fez sorrir mais sem me importar tanto, mas me importando muito com você. Me deixou roubar suas camisas cheirosas, seus beijos errados e seu coração que era tão meu desdo segundo em que te pus os olhos. E eu digo obrigada por tudo. E eu peço que você nunca esqueça. Que você nunca me esqueça.
Eu tô com uma saudade de você do tamanho que eu nunca senti de ninguem, nem do meu pai. Vem cá falar suas coisas de menino besta baixinho na minha orelha. Vem cá me deixar toda boba, sem fala, só olhando pra você. Vem cá me salvar dessa contramão de idéias doidas que eu fico tendo quando eu tô longe de você. E eu penso que fiz algo errado, que você tá com raiva de mim, mas no fim das contas foi só o botafogo que perdeu.
Ô meu amor, tá vendo o que tu faz comigo? Eu sei que você tá dormindo uma hora dessas, quieto no seu canto, esperando o despertador do celular tocar pra poder ir trabalhar amanhã, e eu aqui. Centenas de quilômetros dessa vontade gigante de tá aí do seu lado, cheirando seu cangote e te fazendo cafuné.
Ei, meu rapaz, me promete? Que teu amor amanhã de manhã ainda vai ser grandão assim feito o meu? Que não vai sorrir pra elas o sorriso torto que é meu? Que o único grande amor da sua vida vou ser eu? Porque se for, pode escrever com letra de forma numa tatuagem bem grande e no meio da minha testa: A mulher mais feliz do mundo. Mesmo morrendo de saudade de você. 

Link para a música: http://migre.me/4BXyR Marcelo Camelo - Vermelho

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lenka - Two



Risca o fósforo pra acender o olhar que o meu não perde. Me dá boa noite como se não fossem haver mais noites dessa, me cheira o pescoço pra gastar meu perfume até que eu finde cheirando a você. E eu que enchia a boca pra dizer que não morreria por ninguém, acabei viciando em você. Destruindo meus neurônios pra deixar você tomar conta do meu juízo de uma vez.

Então eu me apaixono. E eu que escrevo comparando amor com maconha, na lombra que me dá só de pensar em você, findo viciando numa música só pelo jeito como o moço da voz bonita pronuncia “querosene”. Mas a voz do moço não é tão bonita quanto a sua quando diz que me ama e que não sabe mais se ainda sabe viver sem mim. 

E eu te compro um daqueles chicletes que vem com anel, a gente ri bobo, você segura minha mão e pergunta se eu quero "causar" com você. Casa, comida e roupa lavada pra quê se a gente pode arranjar causa, motivo, razão e circunstância pra ser feliz só pelo fato de sermos nós dois. Então eu aceito e sorrio, e de rir não consigo fazer a bola de chiclete, e você caçoa de mim. E eu que tento brigar, não consigo. Porque viro boba alegre só em olhar pra você.

Então, na lombra que o seu amor me dá, eu te amo. E eu sei que é verdade porque consigo tragar do seu beijo todos os sonhos bobos que são iguais aos meus. Sentindo no toque da sua mão meus olhos ficando vermelhos e você pede que eu não chore, porque eu estou aí com você e você está aqui comigo. Então eu te prendo na minha respiração o tanto que eu puder, enquanto digo que te quero empreguinado em mim sem ser só fumaça. 


Link para a música: http://migre.me/4zhVn Lenka - Two

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Los Hermanos - Último Romance


Ela era linda. 

É clichê, eu sei, mas ela era. Eu não sei se era o traçado doce da ponta empinada do nariz dela, se era a delicadeza da mão esquerda segurando a asa da xícara de café, ou se era o sorriso - nunca o mesmo, mas sempre alí. Agora me diz: Quem nessa vida sorri todo dia às seis da manhã pra estranhos da fila na padaria da esquina? Só ela, meu Deus. Só ela. 

E nessa estou eu, cá num canto a vida toda, sem nunca criar coragem pra perguntar nome, telefone, ou se ela queria casar comigo. Ganhando, todo santo dia, um sorriso que nem era pra mim - eu só fazia parte da paisagem. 

Mas se você me perguntasse eu saberia responder tudo sobre ela. Tudo menos o nome, telefone, ou se ela queria casar comigo. 

No anelar da mão direita lhe havia um bronze longinquo e certa cintura que acorrentava a lembrança provável de um noivado de muito tempo. E depois disso nunca tomou café com o mesmo cara mais que duas vezes, e não havia um dia que não tomasse café. 

Gostava de poesia água com açúcar e romances policiais, conversava com uma menininha que mora no fim da rua sobre os desenhos da tv. Espirrava quando chovia sem aviso e ela tinha esquecido o guarda-chuva xadrez e falava com alguém no balcão sobre seu peixinho dourado. Lambia os beiços quando olhava os doces cheios de cerejas, mas sempre evitava quando o padeiro os oferecia. Dava como desculpa o horário. Era sempre cedo demais para alimentar lombrigas. 

Quando estava alegre, vinha com o cabelo solto e os cachos indo até depois do meio das costas, pedia um café quente  com muito açúcar e dava bom-dia primeiro. Quando entediada com a vida, vinha numa trança meio torta, com bocejos demais escondidos no pedido de um café puro, morno e sem açúcar nem vontade. Mas era triste que ela era mais linda, sem maquiagem nenhuma nos olhos vagos de quem não dormiu nada, vinha com o cabelo num rabo-de-cavalo deixando os cachos derramados aos poucos, bem como as gotas de café-com-leite que pedia doce de Nescau, lendo os quadrinhos do jornal de ontem, bebendo em câmera lenta sem se valer do meu universo que muito se regia ao seu redor. Eu a amava calado e ela sorrindo, sempre com o mesmo arranjo azul no cabelo. 

E era imensa minha vontade de gritar "Eu não sou café-com-leite, beleza? Eu tô valendo, eu tô aqui!". Louco pra perguntar pra ela ou pra qualquer um que me passasse alí por perto, o seu nome, telefone, ou se ela queria casar comigo. Porque essas três perguntas nem no meu peito mais cabiam. E tudo o que eu falei quando esbarrei nela na saída: 

"Desculpe, moça. Tenha um bom dia."


Link para a música: http://migre.me/4rD4p Los Hermanos - Último Romance

terça-feira, 3 de maio de 2011

Supercombo - Eu Poderia



Eu cansei de esperar pelos principes. Até dos cavalos e sapos eu desisti. Foram tantos "te ligo" que nunca tocaram, tantos "te amo" que nunca foram verdade, tantos "te fode" que eu falei por saudade, que eu parei com essa. 

Eu cansei das borboletas desperdiçadas me embrulhando o estômago, iludindo o resto dos órgãos, sem contar os "felizes para sempre" eu tambem já abstraí faz tempo. E vocês, é, vocês que foram "comigo" (porque "meus" mesmo é dificil achar que tenham sido) não achem que eu só guardo mágoa, tenham certeza. 

Porque quando eu olho no meu guarda-roupa, lá estão as camisetas separadas por cor, saltos por altura e desilusões por ordem de chegada - ou talvez, fosse melhor dizer, partida. Livros, cds e filmes em ordem alfabetica na estante. Medos, segredos e angústias em potes destampados, já que eu nunca me dei muito bem quando a intenção era encontrar tampas, e isso também é válido para chinelos velhos ou metades de laranja. 

Talvez pra ter uma alma gêmea, eu precisasse ter uma alma. E tirando extrato por esses longos anos me tornando o coração gelado dos ursinhos carinhosos, é provável que não me tenha sobrado nenhuma. Sei lá, né? Vai ver não existe. Vai ver que se existe eu não vi. Vai ver eu vi e confundi com qualquer coisa que não fosse amor, até olhar pro lado.

E de repente, vem você sorrindo aqui perto de mim o sorriso mais lindo do mundo e me faz derreter que nem manteiga da terra. E eu fico aqui, toda quieta escondida no meu feminismo pra você não ver que eu me jogaria nos trilhos de um trem por um cara (que não por acaso tem seu nome). E você com esse andar que me deixa toda boba, toda disposta a mudar meu jeito de "não quero nada nem ninguém", pra querer sempre, querer muito, e me querer toda pra você. 

Então mesmo sabendo que a história vai acabar do mesmo jeito, e que você só me deu bom dia por educação eu vou me entupir de esperança, porque pode ser que dessa vez seja diferente. Porque nessa vez não vai ser nem sapo, cavalo, nem príncipe. Dessa vez é diferente, porque é você.


Link para a música: http://migre.me/4qyQq Supercombo - Eu Poderia

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Unidade Imaginária - Avenida



Eu queria um All-star amarelo. Queria segurar sua mão e sussurrar alguma piada que só a gente entenda. Queria te obrigar a assistir uma maratona com todos os filmes de Harry Potter só por pirraça, porque eu sei que você finge estar adorando mas na verdade estariamos fazendo muito mais que só assistir filmes naquele sofá confortável se dependesse de você - e nem adianta dizer que é mentira, eu sei que não é.

Queria ver você usar aquela camisa azul, porque você fica tão bem de azul que eu comecei a gostar de amarelo. Por que amarelo? Porque em algum arquivo louco no meu cérebro, foi escrito que amarelo era par do azul - E nem venha me dizer que é o vermelho, porque eu sei não é, nunca vai ser. Então se você é o azul eu preciso ser o amarelo pra desse jeito poder ser seu par, seu único par.

Eu queria acordar de manhã, com você do lado, uma cara amassada e um bom dia ranzinza de quem não quer levantar. Queria sua cara de pau, nossas bestagens, e o seu jeito de moleque que joga bola na rua até tarde. Queria sua mãe gostando de ser minha sogra, apesar de muito invejá-la por saber que ela é a mulher que você mais ama no mundo e não eu.

Queria minha sobrancelha arqueada por você estar arrumadinho e eu não, e você fica sempre lindo - arrumadinho ou não. Eu queria seu sorriso torto e seus ombros, quero o cheiro do canto do seu pescoço que só eu sei encontrar. Queria seus filmes ruins e queria as milhares de músicas piegas que falam de amor e me lembram você. Eu queria o seu abraço que me cabe, suas crises de riso besta e seus bicos de raiva. 

Queria seus planos da gente velhinho e junto, seus ciúmes sem fundamento e queria apertar discretamente sua bunda no meio da rua de pirraça quando não tem ninguém olhando, só pra te ver com aquela cara de vergonha. Eu queria seus carinhos fofos. Queria sua barba mal feita que eu quase não vejo. Então eu quero um All-Star amarelo, porque de todas essas coisas, é a única que eu não tenho ainda.


Link para a música: http://migre.me/4qjP4 Unidade Imaginária - Avenida